Política na veia (III)

Só que os pilares estão desmoronando. Depois de alguns entreveros com os ‘garotos’ do presidente e desaforos trocados com o guru do presidente, os militares de pijama, vice presidente incluso, se calaram e, agora, só abrem a boca para defender bobagens de ministros e safadezas da Lava Jato (dois, aliás, já foram defenestrados, o secretário executivo do MEC e o presidente da FUNAI. Hoje, caiu o terceiro, o ministro da Secretaria Geral da Presidência… Acho que o próximo será o próprio presidente!). Mas, os demais continuam solidários e prestativos, pois o poder é afrodisíaco e as mordomias entusiasmantes, e mesmo não tendo tropas, botam medo nos civis do Parlamento e da mídia familiar.

O PIB no 1° trimestre encolheu 0,2%, a economia continua patinando, Bolsa e dólar oscilando, desemprego aumentando e nenhuma medida objetiva é apresentada por Paulo Guedes, o czar da Economia. Desde que assumiu, criou um mantra, a Reforma da Previdência, que resolverá todos os problemas brasileiros… Mas, as sandices do presidente, as cretinices dos filhos do presidente e as exigências da democracia emperram e atrasam sua aprovação. E a economia, como vaca sem peão-guia, marcha para o brejo.

E no pilar legal, organizações criminosas e milícias permanecem dominando favelas, periferias e presídios, sem que Sérgio Moro  consiga convencer parlamentares e população que seu projeto de lei anticrime vá resolver o problema, principalmente depois do afrouxamento de porte e posse de armas permitido pelo presidente da República.

De qualquer modo, a direita não perde o rumo. E já se prepara para 2022. Numa raia, imponente e onipotente do alto de seu cargo de governador do mais rico Estado da Federação, prepara-se João Dória, arrotando otimismo e direitismo soft e passando por cima dos velhos caciques tucanos que, revoltados pelas seguidas derrotas para o petismo, levaram a social democracia para a direita golpista e, perdido o rumo, não souberam voltar aos trilhos.

Noutra raia, o protótipo do homem de bem, filho da classe média alta, milionário que se fez por si, bem casado com uma estrela televisiva, pai de três filhos, comunicador nato, Luciano Huck vem sendo pacientemente lapidado para ser um político com a sofisticação intelectual de Fernando Henrique Cardoso. Enquanto Dória enche o secretariado paulista de ex-ministros, Huck é cercado de raposas políticas, como Paulo Hartung e Tasso Jereissati.

Doutro lado,  a esquerda permanece esquerda, não aprende nada com as derrotas. Faz reuniões, faz assembleias, movimenta os sindicatos, anima os movimentos sociais… e continua esperando que uma luz vinda não se sabe de onde alumie as cabeças do Judiciário e os corações dos políticos e eles reconheçam que fizeram uma baita sacanagem com Lula e com o Brasil… E, em reconhecendo isto, desfaçam! E o grande líder volte para nos salvar!

Ou seja, como o Brasil, a esquerda continuaria deitada eternamente em berço esplêndido, não fosse a luz vinda de um premiado jornalista americano, casado com um brasileiro, editor do jornal on-line The Intercept, cuja edição brasileira iniciou, a partir de vazamentos obtidos anonimamente, a publicação de uma série de reportagens sobre as entranhas apodrecidas da Operação Lava Jato, que já estão abalando a política brasileira.

Mas isto fica para outro dia… Meu gosto pela política está sendo reavivado com este novo capítulo. As notícias não param, as redes insociais se engalfinham, os poderosos de sempre talvez se sintam acuados. Por quanto tempo? Preciso acompanhar isto de perto (o vídeo a seguir é muito longo, mas deve ser assistido por quem quer, sem partidarismo, ter uma ideia precisa do que a Lava Jato fez com a Justiça brasileira. Ah! para quem não sabe, o Reinaldo Azevedo é anti petista, tendo criado, inclusive, o termo petralha).

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