Guerrear é preciso? Resistir, sim!

A imensa maioria do povo brasileiro não tem consciência política. Para o eleitor comum, política é aquela obrigação chata de ir a uma sessão eleitoral a cada dois anos para digitar o número de algum idiota que vai ‘representá-lo’ no Legislativo ou no Executivo municipal, estadual ou federal. Fora o Prefeito, o Governador ou o Presidente eleito, passado um mês da eleição, o eleitor não tem qualquer lembrança em quem votou… a não ser que seja amigo do eleito!

Apesar deste analfabetismo, eleger representantes que expressem as várias tendências de uma população, para que façam leis e governem, é a essência da democracia. Churchill, um dos estadistas da 2ª Guerra Mundial, que resistiu e venceu o nazismo de Hitler, dizia que “ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.”

Posto isto, há uma realidade inapelável no Brasil de hoje: as eleições de 2018 colocaram na Presidência da República um capitão reformado do Exército, que se tornou um parlamentar improdutivo por 27 anos, defensor de métodos ditatoriais, propagador de teses bélicas, admirador incondicional do ‘american way of life’ e absolutamente inapto para exercer a função de presidente da República de um país como o Brasil.

Esta última afirmação é relativa! Eu, filho de médico, jornalista aposentado, que teve a oportunidade de estudar, trabalhar e construir um patrimônio sólido, suficiente para gozar, após 40 anos de serviço, uma merecida aposentadoria sem maiores sustos (por enquanto, pelo menos!), tenho consciência que o presidente eleito é um imbecil… Mas, ele foi eleito democraticamente: foram 58 contra 47 milhões de votos! Não vem ao caso se milhares votaram em branco, não vem ao caso se milhares anularam o voto, não vem ao caso se milhares não compareceram à votação. A democracia funciona assim!

Vem ao caso, sim, se aquele que foi eleito democraticamente acha que a democracia atrapalha seus projetos de governo… E, em vez de governar para todos os brasileiros – numa democracia, não é isto que um presidente eleito por uma parcela da população tem que fazer? – incentiva aquela parte fanática de seus eleitores a manter a guerra contra os ‘inimigos’, como se o país fosse dividido pelo ódio.

Bolsonaro e seus rebentos fazem isto. Bastou crescer, na sociedade em geral, uma certa repulsa ao bolsonarismo, para as redes insociais despejarem memes e fake news acusando Deus e todo mundo de corruptos, indecentes, fédas….s* e coisas tais…           E, como aconteceu durante a campanha, não são só robôs ilegalmente patrocinados por empresários amigos, a distribuírem estas idiotices… É gente comum, despolitizada, que tem raiva de política, que recebe memes e posts e vídeos distribuídos por empresas contratadas para tal, e que não conseguem conter os dedos, repassando imediatamente para a família, para os amigos, para velhos colegas de trabalho … As postagens, padronizadas, dão nojo, ânsia de vômito… exatamente porque quem tem um mínimo de discernimento, sabe que são produzidas por uma mesma central de fake news.

Houve, após a posse do Bolsonaro, um paulatino refluxo nesta porcariada que invadiu as redes sociais e contribuiu enormemente para a eleição do “Mito”. Com as besteiras que ele, seus filhos e seus ministros andaram aprontando, muita gente que vestiu verde-amarelo e bateu panela mudou o tom das postagens. Não reconheceu o erro cometido, claro, é cedo para isto… mas cresceram as mensagens inócuas, pacifistas, babaquices do tipo ‘Bom Dia, Sexta feira!’, ‘Respire fundo, aí vai uma flor para você!’, piadinhas inodoras, conselhos de saúde, vídeos de músicas e animais e coisas tais.

Aproximando-se os 100 dias do novo governo, quando há a chamada ‘lua de mel’ do eleito com seus eleitores, boa parte dos eleitores já percebeu a esparrela em que caiu (na primeira pesquisa IBOPE, a aprovação a Bolsonaro caiu 15%, baixando para 34%, depois de ser eleito com 55% dos votos válidos). E a tropa de choque bolsonarista imediatamente reativou seus robôs digitais: um caminhão de memes, posts, vídeos, mensagens ‘twittadas’ ou ‘facebookadas’ voltaram a inundar as redes insociais de amigos, parentes e ex-colegas de que eu faço parte. O padrão é o mesmo, o nojo e a ânsia de vômito também, mas há um novo inimigo interno, além do lulo-petismo, para incendiar a corja. Agora, os capetas são os juízes supremos!

Numa destas redes, uma antiga colega de trabalho, que americanizou o nome (Paz virou Peace) para melhor se encaixar no perfil dos novos tempos do país, tornou-se uma ativa distribuidora do esgoto, ao que tudo indica excretado por um dos filhos do Rei, o ‘buldogue’ que comanda suas redes sociais. E olha que ela sempre foi uma moça doce, pacífica, alegre, prestativa, bem casada… Por que tanto ódio agora?

Reproduzir algumas das sandices que voltaram a poluir as redes insociais pode parecer atirar no próprio pé, mas eu acho que as pessoas, principalmente os jovens que não viveram os anos de chumbo da ditadura militar, precisam tomar consciência de qual é o rumo do desgoverno bolsonarista, mantendo-se ele como presidente ou como rainha da Inglaterra…

Eu, pessoalmente, acho que ele vai ser descartado pelos militares que o cercam, tantos são os problemas que ele, por sua incapacidade e inépcia, causa à governabilidade do país. Afinal de contas, é óbvio que sua tropa de militares da reserva oriundos da ditadura, tenha aprendido que mover os cordéis é melhor que estar no palco (prestem atenção, meninos e meninas: um brigadeiro e um coronel foram nomeados para postos-chave do MEC, mas o ministro olavista continua figurando como ministro… e sujeito às tomatadas e ovos podres!). Mas, pode acontecer deles serem tão parvos quanto o presidente que os nomeou, e, aí, assumam o protagonismo. Em qualquer hipótese, estaremos intussusceptados e mal remunerados…

Em assim sendo, apresento algumas ‘preciosidades’ que inundaram as redes insociais nos últimos dias, e que vêm sendo re-twittadas ou re-postadas por um monte de gente (quem entende de redes sociais sabe que o padrão é um só: uma empresa especializada, devidamente paga, cria e disponibiliza posts a serem difundidos por outra empresa de robôs, devidamente paga também, e, na sequência, pelas redes dos colegas de trabalho, de bar, dos amigos e da  família.  Se as pessoas bem informadas caem neste jogo, imaginem o povão…!

A pergunta a ser feita é uma só: qual é o objetivo de uma ‘campanha’ desmoralizadora como esta? A Justiça não presta? Está comprometida com a corrupção como os políticos? É preciso implantar um regime em que os valores tradicionais, de Pátria, família e liberdade (controlada) sejam os princípios básicos? Os grandes grupos econômicos que estão por trás do bolsonarismo babaca anseia por isto…  E os militares que o cercam anseiam pela volta ao poder e à ordem unida de todo um povo… Conseguirão?

 

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