Minha teoria da conspiração (IV/IV)

Há muitos outros fatos estranhos que eu poderia relacionar nesta minha teoria, fatos que, se o Brasil tivesse uma imprensa realmente interessada em fazer seu trabalho respeitando seus leitores, ouvintes e telespectadores, poderiam ser investigados com profundidade. Não tem! Sua preocupação é o espetáculo, não a prestação de um serviço público, como bem alertou mestre Alberto Dines, cuja frase repito aqui:

Em sendo assim, posso me dar o direito de, com os poucos recursos que tenho – vídeos e imagens pesquisados no Google e um nunca perdido faro para detectar fatos em meio a boatos e notícias plantadas – construir minha teoria da conspiração, que é muito simples:

– Bolsonaro chegou e estava estacionado no patamar de 20% das intenções de votos (depois da ‘agressão’, subiu um pouco mas, no último Ibope, estacionou, de novo);

– com o início do horário eleitoral, seu índice de rejeição começou a crescer, com viés de alta, principalmente com os ataques bem direcionados pelo programa do candidato Alkmin, chegando a 46% na última pesquisa;

– a vitimização é uma das técnicas mais usadas por marqueteiros eleitorais para dar uma alavancada na candidatura de alguém, assim como a criminalização do adversário ajuda a derrubá-lo  (lembrem-se da ex-namorada de Lula e seu aborto e a bolinha de papel na careca do Serra);

– uma tentativa (frustrada) de assassinato de Bolsonaro numa passeata no meio do povo seria mamão com mel para angariar a compaixão e dó do povo, dando o empurrão definitivo para que ele chegasse ao 2º turno, quiçá vencesse no 1º, como, aliás, declarou seu filho logo após o atentado (imediatamente, milhares de memes foram difundidos pelas redes sociais, divulgando pesquisas falsas e mantras do tipo ‘Vai ser no 1° turno!’);

– o que deu errado? Como em todo planejamento, há o imponderável! A faca que deveria ser enfiada no colete, resvalou para o abdômen, abaixo do colete, e o feriu, realmente, talvez nem com tanta gravidade, mas obrigando, pelo local atingido, ao atendimento real e às intervenções cirúrgicas feitas no hospital de Juiz de Fora e, posteriormente, no Albert Einstein;

– ou, quem sabe, na hora de fingir a agressão, o esfaqueador foi empurrado e, sem querer, deu a facada, realmente…? Ou seja, havia uma falsa tentativa de agressão planejada, que se complicou… Neste caso, ficaria explicado porque, numa cidade considerada petista, Bolsonaro não tivesse vestido o colete protetor, se é que não estava vestido com ele (prestem atenção na distância entre a mão empunhando a faca e o corpo do presidenciável… e a quantidade de gente entre uma e outro);

– uma ‘falsa’ tentativa de assassinato se transformou, de fato, numa agressão física… e o planejamento teve que ser adaptado. Mal adaptado e improvisado, diga-se de passagem (o estrategista general, o vice, não fora informado da tática) porque as prováveis ações posteriores – principalmente atribuir a tentativa de assassinato à esquerda – tiveram que ser alteradas: uma coisa é uma tentativa não exitosa, outra é uma agressão real: a primeira exige poucos participantes do ato e muitos difusores do fato… a segunda exige muitos participantes, a imensa maioria desconhecedora da conspiração…!

Conspiração efetiva ou não, o fato é que seu objetivo não foi alcançado: as penúltimas pesquisas indicaram um crescimento paulatino de Bolsonaro (22 para 24, 24 para 26, 26 para 28, sempre dentro da margem de erro), enquanto o crescimento do principal adversário foi vertiginoso… Por outro lado, seus índices de rejeição baixaram um pouco, mas continuaram em torno dos 40%, chegando a 46% no último Ibope, a mais alta entre todos os candidatos.

Ou seja, o paulatino crescimento de Bolsonaro está muito mais relacionado ao abandono de outros candidatos, como Alkmin, do que ao proverbial sentimento de  solidariedade do brasileiro aos atingidos por alguma desgraça. Este sentimento é característico do brasileiro, mas alguém acabado de ser agredido que faz apologia de um rifle na cama de um hospital, não tem direito a este sentimento…

Enfim, se foi uma tentativa de reviver a bolinha de papel na careca do Serra, a patacoada da campanha bolsonarista  fu….-se* de verde amarelo, como sua camisa falsamente furada e ensanguentada que foi espalhada pelas redes sociais… A estratégia militar, tão louvada pelo seu vice, está fracassando mais uma vez, a não ser que suas consequências, posteriormente estudadas e planejadas, se viabilizem: um juiz de 1ª instância de Minas Gerais (como Moro o é, do Paraná) autorizou o exame do esfaqueador de Bolsonaro por um psiquiatra particular, numa consulta que não pode ter a presença de mais ninguém, conforme solicitado por seus advogados (?), e as investigações da Polícia Federal, a pedido, foram  prorrogadas por 15 dias, ou seja, coincidindo com as vésperas do primeiro turno das eleições.

Apesar da PF dizer que deve divulgar os resultados do 1° inquérito esta semana ainda, indicando que todas as investigações feitas (cartões e contas bancárias, uso de notebook, celulares…) apontam para uma ação solitária do agressor, já há outro inquérito instaurado, investigando a possível existência de mandantes…

Vocês já imaginaram que delícia para os bolsonaristas se na sexta-feira, dia 05/10, o Jornal Nacional desse um “furo” de reportagem e anunciasse que o atentado a Bolsonaro foi planejado pelo PT? Ou a Veja antecipasse sua edição e distribuísse milhares de capas com a foto do Bolsonaro com intensa expressão de dor e o título: ‘O Haddad sabia!!! ’? Sem direito à resposta? Mão na roda bolsonarista, né? Nem haveria 2º turno…! Tem muita gente que chama isto de teoria da conspiração…

Eu tenho 50 anos de acompanhante atento da vida pública brasileira… Nunca fui político, nunca fui alienado, nunca fui conivente com as falsas informações, tão prolíferas hoje em dia por causa das redes sociais. Mas reconheço que a população brasileira, em sua imensa maioria, é analfabeta política… acredita naquilo que os meios de comunicação, noticiários, programas de auditório e novelas da Globo, principalmente,  dizem. Assim como parte da classe média ainda acredita que a Veja é a verdadeira Bíblia…

Também corre pelas redes, desta vez com repercussão na imprensa em geral, que a Justiça de Minas concedeu ao agressor, a pedido dos advogados, o direito de dar  entrevistas  a dois órgãos da grande imprensa (SBT e Veja, ao que parece), exatamente no dia 05 de outubro, encerrado o período de propaganda eleitoral. Ou seja, qualquer ligação que ele possa fazer, à esquerda (fala-se nas redes que é com Manuela D’Avila), não haverá possibilidade de contestação…

O mais interessante é que o deputado Francischini, um dos mais fanatizados defensores de Bolsonaro (aquele que baixou o porrete nos professores quando era secretário de Segurança do Paraná), está tentando impedir estas possíveis entrevistas, o que foi divulgado pelo indefectível ‘O Antagonista”… Mesmo que não haja qualquer denúncia bombástica, o fato é que o assunto, no sábado de véspera da eleição, será manchete de toda a grande imprensa brasileira… E, sem propaganda eleitoral obrigatória, quer melhor campanha gratuita para Bolsonaro? Bonner, indubitavelmente, vai ter orgasmos em pleno ar…!

Só para lembrar os mais jovens: em 1989, na véspera  da eleição de Collor (2° turno contra Lula), a Polícia Federal conseguiu libertar o empresário Abílio Diniz, que havia sido sequestrado por 10 ativistas ligados ao MIR – Movimento de Esquerda Revolucionária, que combatia a ditadura de Pinochet, no Chile… e apresentou-os à imprensa vestidos com camisas do PT. Depois da vitória de Collor, foi  desmentida a participação petista no sequestro, deixando no ar a suspeita – nunca oficialmente confessada – que, a pedido da imprensa, policiais forçaram os sequestradores a vesti-las antes de serem fotografados e apresentados à imprensa.

O fato concreto que se ressalta de tudo isto é um só: com o tipo de instituições jurídicas e policiais que o Brasil tem hoje em dia, politicamente comprometidas com seus respectivos umbigos, e só com eles, não com a sociedade como um todo, algo que, infelizmente, foi implementado pelo republicanismo lulista enquanto governo, com acrítico respaldo da grande imprensa, conspirações e teorias fajutas sobre situações políticas serão sempre possíveis.

Espero, honestamente, que esta minha teoria seja apenas isto, uma teoria. Ou, se não for, que não se transforme em realidade… Não tenho mais idade para aguardar 50 anos para ouvir um futuro  Jornal Nacional pedir perdão por sua participação noutra farsa… nem para os historiadores escreverem que o Brasil continuou sendo um paiseco de 3ª categoria por causa de uma farsa, que elegeu um machista preconceituoso, racista, antifeminista e homofóbico, fascista enfim, para a Presidência da República. (fim)

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