Que me xinguem os bolsotários (e como xingam!), mas cultura é fundamental!
Raul Cortez: “Não existe nada mais cafona do que acender charuto em restaurante. É irritante.”
1 – Ano passado, primórdios da pandemia, estive em Nova Iorque. E, como todo turista besta, fui à Wall Street e passei a mão no saco do touro símbolo: é sinal de riqueza, diz a lenda. Não ganhei na loteria, minha aposentadoria não aumentou e, com a inflação, até fiquei mais pobre.
– Agora, ninguém precisa mais ir a Nova Iorque pra fazer esta besteira: a Bolsa de São Paulo instalou um touro dourado em frente à sua sede… Será que passar a mão no saco dele é menos cafona ou menos chique que no saco do touro de Wall Street?
2 – Enfim, a Globo rendeu-se ao Jornalismo… (por quanto tempo, pergunto eu?) e noticiou o encontro de Lula com o presidente francês Macron. Bolsonários atacaram na hora: aquele almofadinha casado com uma velha recebeu o 09 Dedos? E daí?
– Importante é fazer uma motociata no deserto, táokey?
Impossível esconder a realidade pic.twitter.com/kYw70S2VYO
— Leonardo Attuch (@AttuchLeonardo) November 17, 2021
3 – Quando fiz Jornalismo, uma das matérias mais importantes era de Ética. Não sei se continua sendo, mas sei que, na prática jornalística atual, ela significa pouco. Um jornalistas da JovemPan fez um comentário de cunho anti semita e foi justificadamente exonerado.
– Não pela JovemPan, mas pelo deputado do qual ele era assessor na Câmara Legislativa de São Paulo. Que ética pode ter um jornalista de uma emissora que assessora um deputado?
4 – La Zambelita está criticando quem? Seu MitÔ, que recebeu uma deputada neo nazista, de oposição à Angela Merkel? Seu MitÔ, que se encontrou com o líder fascista Salvani, de oposição ao governo atual da Itália? Seria bom ela olhar o próprio rabo antes de criticar alguém.
– Se bem que ela tem razão… o MitÔ não tem qualquer apreço pela diplomacia…
5 – Minha anta preferida na JovemPan sempre foi o Rodrigo Constantino. Estou mudando a preferência: sem qualquer preconceito de gênero, esta moçoila vem mostrando um conhecimento político incomparável! Fez o Chirac levantar do túmulo pra se reunir com o Lula…
Segundo essa brilhante comentarista da Jovem Pan, o Lula foi à França se reunir com o Jacques Chirac. Detalhe: ele morreu em 2019. pic.twitter.com/r5RBfpx858
— Andrade (@AndradeRNegro2) November 17, 2021
6 – A denúncia é dos bispos angolanos (ex ?) da Igreja Universal, do papa Edir Macedo: sua igreja transferia ilegalmente de Angola pra África do Sul, a cada 03 meses, US$ 30 milhões. Minha surpresa não é a ilegalidade, mas a quantidade de grana recolhida dos fiéis angolanos… – A exploração da fé dos mais sofridos e dependentes é, sem dúvida, uma das coisas mais rentáveis do capitalismo. Foi assim nos tempos áureos da Igreja Católica, é assim nestes tempos de Teologia da Prosperidade. Cristo nunca teve nada a ver com isto…
7 – O Brasil tem certas peculiaridades que espantam o resto do mundo desenvolvido. Os economistas brasileiros, por exemplo. Analistas, professores ou empresários, costumam cagar regras e teorias infalíveis para conduzir a política econômica do país. Aí, viram ministros ou econocratas.
– Maílson da Nóbrega deixou o governo Sarney com uma inflação de 80%, Zélia Cardoso de Mello confiscou a poupança dos brasileiros, FHC não era economista, nem Palocci, Joaquim Levy levou o Brasil à recessão que ajudou a derrubar a Dilma (propositalmente?)
– Daí, o MitÔ arranjou um Posto Ipiranga… Resultado: 14 milhões de desempregados, 19 milhões de esfomeados, inflação acima dos 10% e subindo. E o Moro apresenta o seu Pastore pra Economia: um ex presidente do Banco Central na ditadura. Infalível também!
8 – Em 1971, no período mais brutal da ditadura, a Globo, diversionista como sempre, lançou a novela O Cafona. Tema central: homem bronco que enriquece e tenta ser aceito pelo high society. Paralelamente, uma sátira ao movimento hippie e à alta sociedade carioca. Nada sobre tempos sombrios…
– Naquela época eu assistia novelas, queria ser escritor de novelas… E gostei da abordagem sobre a cafonice da alta sociedade. Já lá se vão 50 anos! E a cafonice é pior hoje: a Estátua da Liberdade da Havan e o touro-cópia de Wall Street da Bolsa/SP são provas cabais!
9 – É impressionante como eles não aprendem. Há quantos anos a Globo tenta emplacar um presidente que ela pode dizer de seu? Há quantos anos ela tenta, tenta e tenta e o seu escolhido é uma farsa? Generais, Sarney, Collor, FHC (Serra, Alkmim e Aècim nem chegaram lá!).
– Alkmim foi substituído pelo MitÔ e o fracasso pro Brasil e pra ela é óbvio. O nome, agora, é Moro, cônge da Rosângela Wolff e amigão do Zucolotto, o caçador de corruptos, como Collor, um dia, foi caçador de marajás… E tem gente que acredita!
10 – Bolsonários têm orgasmos nas redes: o MitÔ liderou uma motociata no Catar. 20/ 30 motos, se tanto, guardas motorizados, carros de segurança rodando pelo asfalto (ninguém se arriscou a adentrar o deserto). Qual o objetivo? Mostrar que tem histórico de atleta?
– Que o Brasil é um país jovem e aventureiro? Conquistável pelas ditaduras árabes? Deve ser… Os 14 milhões de desempregados trocando trabalho por comida devem agradar sheiks e emires, que importam milhares de indianos, bengalis, paquistaneses, nepaleses e cingaleses.
– 6.500 deles já morreram nos canteiros de obras pra Copa de 2022… Porque não importar brasileiros, especialistas em fazer massa, jogar tijolo de um andar pro outro, andar pelos andaimes sem proteção…?
Ainda se faz Jornalismo no Brasil: leituras (e vídeos) que acho