Traidores? (II)

Bolsonaro foi eleito presidente da República, nomeando Sérgio Moro como Ministro da Justiça que, nomeado, levou vários lavajateiros para o seu Ministério. Deltan Dallagnol, o coordenador da Lava Jato, permaneceu lavajatando, mas com a perspectiva de se tornar Procurador Geral da República em setembro de 2019, o que pode não acontecer, vez que depende de estar na lista tríplice feita pela ANPR, da indicação do presidente da República e da aprovação do Congresso.

Sabendo disto, nada mais óbvio que ele, Moro e cia.ltda preparassem uma alternativa: R$2,5 bilhões de reais da Petrobras para serem aplicados por uma Fundação privada de ‘combate à corrupção’, gerida por pessoas indicadas pelos procuradores da Lava Jato… Mamão com açúcar! Dinheiro público para irrigar um novo poder político: dos agentes do Estado, probos, puros, patriotas, os intocáveis combatentes da corrupção!

E onde entra a pulga atrás da minha orelha neste roteiro? Exatamente numa desconfiança atroz: à medida que a história da Operação Lava Jato, que começou numa investigação de lavagem de dinheiro por um dono de posto de gasolina (com lava jato) em Brasília (que fica bem longe de Curitiba), começou a ser contada de fato, sem as fantasias e manchetes glorificadoras da grande imprensa, Globo à frente, por jornalistas e analistas isentos, vislumbrou-se que, além da descoberta de grandes nichos corruptos envolvendo empreiteiras, funcionários públicos e políticos, os lavajateiros contribuíram, com rara eficiência, para derrubar a concorrência que o Brasil vinha fazendo a poderosas multinacionais norte-americanas, em áreas sensíveis como a nuclear, a petrolífera, de construção civil, de processamento de proteína animal e de exportação de frangos e derivados.

Na medida em que a Lava Jato e seus ‘heróis incorruptíveis’ não se limitaram a acusar executivos da empresa, mas a própria Petrobras de corrupção, eles foram inocentes úteis ou, efetivamente, traidores? As multinacionais baseadas nos Estados Unidos são, sob qualquer aspecto, as maiores corruptoras do mundo(isto faz parte do capitalismo!). Todas as vezes que um escândalo é descoberto, a Justiça americana, eficientemente, acusa, condena e prende executivos da empresa, mas não condena a empresa.

No caso das denúncias e indiciamentos de funcionários públicos, políticos, executivos e empresários, empresas e empreiteiras por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça, organização criminosa, tráfico de influência, etc etc etc, feitas pela Lava Jato, a maior prejudicada, sempre, foi a Petrobras. Qual a justificativa, então, para ela fechar um acordo com os americanos, com interveniência dos procuradores da Lava Jato,  que a obrigou a pagar US$ 853,2 milhões (R$ 3,6 bilhões) para o Departamento de Justiça (DoJ) encerrar investigações contra ela, investigações estas que, claro, indicariam que a grande prejudicada pela corrupção era justamente ela, a Petrobras e seus acionistas?

Lulistas e petistas em geral têm uma ojeriza natural à Lava Jato e seus agentes, taxando-os de ‘inimigos’ que atuaram descaradamente contra apenas um lado do espectro político, ou seja, contra o petismo, protegendo outros partidos tão envolvidos em corrupção eleitoral quanto. Culpam-na, a Lava Jato, e, em especial, o juiz Moro, pela perseguição implacável ao ex presidente Lula, até sua condenação e prisão, enquanto cabeças coroadas da oposição ao petismo, como Eduardo Cunha e comparsas do PMDB e PSDB permaneciam a salvo de suas investigações, indiciamentos e… vazamentos!

Só depois de consumado o impeachment, Eduardo Cunha, sem mais serventia, foi rapidamente condenado e encarcerado, e só depois da condenação e prisão em 2ª Instância do ex presidente, é que os lavajateiros começaram a vazar para a imprensa amiga, os podres cometidos por Aécios, Serras, Temers, Richas, que continuam livres, leves e soltos (Temer e Richa chegaram a ser presos, mas Gilmar Mendes, sempre atento na defesa dos seus, soltou-os com rápidos habeas corpus, sempre negados a Lula).

Evidente que a Justiça brasileira nunca foi uma virgem imaculada que paira acima das paixões políticas. As leis são feitas e aplicadas por seres humanos falíveis e, muitas vezes, com posições políticas bem definidas e, por isso, as leis são interpretáveis: para uns, uma vírgula pode significar uma coisa, para outros, outra coisa completamente diferente. O juiz Moro, por exemplo, entregou para a Globo o áudio de uma conversa entre a presidenta Dilma e Lula (que nem poderia ter sido gravado), o que é proibido pela Constituição, e, apesar de ilustres ministros do Supremo, guardiões da Constituição, terem criticado Moro, nada lhe aconteceu, a não ser pedir escusas formais.

Mas, independente do jogo político em que Lava Jato e  Judiciário  se envolveram profundamente, no sentido de evitar, de qualquer jeito, a candidatura de Lula à Presidência (que ele venceria), eu acho que tem muito mais caroços debaixo deste angu… e não são sementinhas de goiaba não, são caroços de abacate mesmo!

A dita imprensa alternativa, sites e blogs de jornalistas e influenciadores digitais que não dependem de verbas governamentais como a grande imprensa, vem levantando, aos poucos, mas com rigorosa precisão, informações que indicam a clara participação do governo americano em muitas das iniciativas da Procuradoria Geral da República, da Polícia Federal e da “República de Curitiba” presidida pelo juiz Moro, na condução e execução de ações que, sobre o mantra de ‘combate à corrupção’, acabaram com a concorrência exercida por empresas brasileiros aos  interesses americanos na América do Sul e na África. (termina amanhã)

 

 

 

 

 

 

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