#EleNão!

Mais uma vez, a disputa eleitoral é entre o modo conservador democrático de governar (só que este modo, por estupidez e ânsia de poder do PSDB, se transformou em um modo fascista, que dissolveu o PSDB nesta eleição) e o modo popular democrático (que o PT, também por estupidez e ânsia de poder, tornou  um processo corrupto e igualzinho aos anteriormente mantidos pelos conservadores, o que mostra o anti petismo desta eleição). Uma boa parte da população que, agora, se manifesta livremente pelas redes sociais, se engalfinha divulgando memes, fotos, fake news, babaquices em geral, a imensa maioria difundida por robôs contratados pelas campanhas dos candidatos. Ninguém pensa por si mesmo!

A tônica é uma só: eu sou contra Haddad por causa disto, disto e disto… eu sou contra Bolsonaro por causa disto, disto e disto… E, às vezes, o motivo de ser contra é o mesmo para ambos. E a imprensa, Globo à frente, que deveria estar mediando, com isenção, as divergência inconciliáveis, apresentando as promessas de cada candidato, os programas de cada lado e as possibilidades ou não deles serem implantados, participa deste joguinho que leva, única e exclusivamente, ao ódio…

Quem assistiu as entrevistas dos candidatos no Jornal Nacional com interesse em saber as propostas de cada um para tirar o país da m….* em que a estupidez do 2° governo Dilma, a insensatez golpista do PSDB pós-derrota e à vocação corrupta do  governo Temer o está deixando, sentiu-se enganado pela atuação do ‘Simpson’ e da Renatinha. À exceção de Alkmin, que não foi interrompido e impedido de colocar suas propostas, os demais se tornaram apenas alvos de questionamentos muito mais demorados do que o tempo de resposta permitido ou de acusações pretéritas, para as quais eram exigidas respostas únicas, sim ou não?

Agora, chegamos à última semana antes do 1° turno. Tudo indica que a esquerda e a direita radical permanecerão na disputa (não adianta os comentaristas amestrados e personalidades que, aposentados, não conseguem abandonar o  palco, como FHC, bradarem que é esquerda radical… Não é! Quem governa por 14 anos e  não censura a imprensa, mesmo aquela que se mostra inimiga, não prende opositores, e indica republicana e incompetentemente juízes e procuradores, independentemente de  suas posições políticas, pode ser chamado de burro, mas não de radical).

E, com isto, as redes sociais estão fervendo.  O YouTube é um fervedouro de vídeos editados e falsos, e não há página pessoal do Facebook ou do Telegram, não há grupo do Whats’App que não seja bombardeado por memes, vídeos, xingamentos, falsas pesquisas… E, neste aspecto, me impressiona a capacidade da campanha bolsonarista em produzir tanta besteira por minuto! (o outro lado também produz, mas não viaja tanto na maionese, provavelmente  pela crença arraigada de que o povo não é bobo, não acredita em fantasias e percebe as enganações descaradas… ). Só que, como diz um velho ditado, de boas intenções, o inferno está cheio! Ou outro, mais popular: me engana que eu gosto…!

É verdade que, historicamente, o petismo nunca professou esta linha de boas intenções… Durante os governos de FHC, o petismo usou e abusou de muitas das técnicas comunistas (semelhantes às fascistas de hoje) contra as posturas conciliadoras de muita gente, inclusive petistas históricos como Luiza Erundina (que foi expulsa do PT por aceitar um ministério no governo conservador, mas de união, proposto por Itamar Franco, após a renúncia de Collor).

Muito além das acusações políticas feitas hoje pelos direitistas, tipo “o PT pediu o impeachment do Itamar” ou “o PT acusou FHC e seu PSDB de corruptos”, que fazem parte do jogo político, petistas de carteirinha instalados em fábricas, sindicatos, associações, empresas estatais radicalizavam sem dó contra qualquer ‘autoridade’, por menor que fosse, em suas instituições…

Recordo aqui o período em que fui chefe de gabinete da Presidência da empresa estatal em que trabalhei por 27 anos: antes disso, eu era o responsável pela sua área de Comunicação Social desde 1975, governo Geisel, quando o presidente da Empresa, que se licenciara para tratar de um problema de saúde, voltou e reassumiu a Presidência. Seu irmão, que ficara na chefia de gabinete na interinidade do diretor financeiro, ia embora e ele precisava escolher um novo chefe de gabinete.

Havia várias possibilidades, gente de fora e de dentro da empresa: neste caso, ou ele escolhia alguém da área operacional, com algum apoio político significativo, mesmo que a empresa tivesse um perfil bastante técnico, ou ele indicava alguém com visão mais abrangente, com maior abertura para o corpo funcional e sem apoio político, já que ele próprio tinha o apoio político que era mais importante – o ministro Iris Rezende, à época.

Como jornalista, bem considerado pelo quadro funcional da empresa, eu era, também, do Conselho Editorial do jornal da associação de servidores, com poder de veto às matérias publicadas pelo informativo da associação. Nunca vetei nada, desde que o informativo desse, antes de publicar, direito de resposta ao presidente ou ao diretor ou ao funcionário cuja área estivesse sendo denunciada por alguma coisa negativa.

Aí, eu sou nomeado chefe de Gabinete da Presidência da empresa… O PT apoiava o outro candidato, que era muito mais maleável que eu e, principalmente, apresentara apoios políticos importantes. E soltou um jornal da associação metendo o pau na escolha de um chefe de gabinete sem apoio político, que “deveria ser fundamental para os investimentos da empresa!” Só que não me consultou antes e nem tirou meu nome do Conselho Editorial do jornal…! Ou seja: quisera me fu…* numa boa!

Muitos e muitos anos depois, já aposentados, eu e Farias, o presidente da associação dos funcionários à época, nos reencontramos no Lago Oeste – eu morava aqui e ele estava construindo aqui sua casa. Havia um novo desafio para vencer: nosso instituto de seguridade estava a ponto de ser dissolvido pelo poder público. Um lutador por excelência, fundador do sindicato dos servidores no DF, Farias me convenceu a voltar à luta. Mas só depois que me explicou a posição que o PT tomara em relação à minha indicação à chefia de gabinete: “você nunca foi político e o jogo político tem uma certa dose de safadeza. Acordos de Trabalho Coletivos implicam em negociações, nem sempre muito legítimas. E você nunca ia admitir isto! Tanto que nos 03 anos  em que você ficou na chefia, você nunca participou da Comissão de Negociação… Foi o primeiro item do acordo que a representação dos servidores negociou com o Diretor de Administração…!

Aí, em 2001, o PT fez uma carta pública ao povo, dirigida, na verdade, ao mercado, desradicalizando todas as suas propostas governamentais e, por isso, Lula não foi demonizado e acabou eleito e reeleito e, fazendo bons governos, elegendo o “poste Dilma” em 2010 e 2014. E governou sem qualquer radicalização, dentro da democracia, melhorando as condições do povo em geral sem prejudicar bancos, financeiras, empresários, ricos em geral… A direita radical tem condições de fazer isto? Continuar beneficiando bancos, financeiras, empresários, ricos em geral sem prejudicar as condições do povo?

As indicações de Bolsonaro e seu entorno dizem que não: seu guru econômico já falou em imposto único, igual para todo mundo, ricos e pobres… seu vice já falou nos prejuízos causados pelo pagamento de 13° salário e do 1/3 de férias, seus filhos, também políticos, postam cretinices sobre  gênero, feminismo e segurança dos cidadãos… E seus apoiadores não sentem qualquer constrangimento em divulgar mentiras absurdas pelas redes sociais, como se todos nós, brasileiros,  fôssemos completos idiotas.

Neste sábado em que os partidários dos dois líderes nas pesquisas disputaram as ruas, isto ficou bem claro nas fotos, vídeos, memes e mensagens distribuídas nas redes sociais pelos partidários de cada um. Vou mostrar um exemplo só:

  1. de uma amiga que lá estava e participou da passeata #EleNão em Brasília, recebi, pelo Whats’App, esta foto, relativa ao movimento subindo o Eixo Monumental em direção à Torre: não há montagem ou tentativa grosseira de multiplicar a quantidade de gente, falseando a verdade… É uma foto de um fato:

  1. os vários grupos de que eu participo aqui no Lago Oeste, alguns apolíticos inclusive, foram inundados por esta foto, com a mensagem: “UM MILHÃO E MEIO DE PESSOAS APOIANDO BOLSONARO EM COPACABANA 29/09/2018 – SÁBADO”. Esta foto, na verdade, é de uma visita do Papa ao Rio de Janeiro. Um bom computador com boa nitidez de zoom na imagem vai perceber que aquele furgão branco à frente do desfile é o Papmóvel… Não é o Bolsonaro nem o General Mourão acenando para a multidão!

Nesta semana, espalhou-se pelas redes o depoimento de um jovem, aparentemente simples, ligeiramente confuso, coincidentemente chamado Mateus, o primeiro evangelista, que anunciou a volta do Messias, que afirma que Deus conversa com ele e que Deus lhe disse que o Messias foi escolhido por ele para salvar o Brasil… o Messias, no caso, é Jair Messias Bolsonaro. Em dois dias, o vídeo desta figura foi remetido à minha página do Facebook e aos 14 grupos de que participo no Whats’App (em alguns, por várias pessoas), além de dois contatos pessoais (perdoem-me, mas recuso-me a reproduzir o vídeo aqui… quem quiser assisti-lo, procure no YouTube, sob o nome de Profecia sobre o candidato Jair Bolsonaro).

Excetuando estes dois últimos, que me enviaram para mostrar o ridículo da mensagem, todos os outros faziam comentários do tipo: ‘Escutem o que este emissário de Deus está dizendo!’ ou ‘A palavra de Deus é uma só!’ ou ‘Deus não mente!’, e a maioria imensa dizia apenas ‘Deus seja louvado!’…

Através de um pastor vizinho, muito comedido e centrado em suas pregações, que são apolíticas, fiquei sabendo que um grupo de igrejas evangélicas neo pentecostais preparou dezenas de vídeos e centenas de mensagens do mesmo teor, conclamando o povo de Deus a votar no enviado Dele, pois a ira divina não perdoa os que se afastam de seu redil.

Nesta toada, tudo indica que estou intussusceptado e mal remunerado!  Antes que isto aconteça, #EleNão!

 

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