Nós merecemos! (II)

Minha pinimba com a Claro se deu em outubro do ano passado. Recebi uma ligação de uma de suas lojas franqueadas, me fazendo uma proposta “irrecusável” para que eu me mantivesse um cliente fiel à Claro – coisa que já sou desde o primeiro tijolão – por mais um ano (todas as operadoras tem esta cláusula de fidelidade em seus contratos). A proposta era reduzir o valor da mensalidade, aumentando a velocidade da Internet e a franquia das ligações para celular e para fixo, receber um chip com outro número, que seria acoplado ao meu número tradicional, ou seja, as ligações deste novo número não teriam custo adicional, e um celular novo da Motorola.  Realmente, era irrecusável, mas perfeitamente plausível para um cliente com mais de 20 anos de fidelidade.

Dias depois, um motoqueiro me levou o contrato, o chip e o celular em casa. Transferi o chip original para o novo celular, instalei o novo chip no celular ‘velho’ e repassei-o para minha mãe (para emergências, já que ela detesta celular!). Em algum tempo, o Mótôôôô… se mostrou uma m….áááá*! Como um bom idoso consciente de sua incompetência digital, procurei ler o manual – as partes do manual que interessavam no caso – pedi ajuda de pessoas mais jovens, mas não consegui me adaptar ao destempero do novo celular. Tomei o velho de minha mãe e, no final de dezembro, fui numa loja Claro tentar trocar o presente de grego.

Surpresa! Não podia! O contrato de fidelidade não permitia… Quer dizer, trocar eu podia sim, mas ficando com o Motorola e pagando por um novo, e sem qualquer desconto ou facilidade para comprá-lo! A simpática, sorridente, convincente, solícita e assertiva jovem atendente (todas as atendentes de todas as operadoras de telefonia são simpáticas, sorridentes, convincentes, solícitas e assertivas) me sugeriu até que eu comprasse o novo celular em loja específica de celulares, que poderia me dar bons descontos, o que ela não poderia fazer. Estava eu argumentando o absurdo da situação com a bela moçoila quando ela, num movimento súbito de dedos no computador, deu um gritinho: “Oh! O senhor pode trocar sim… O senhor dispõe de um Claro controle, que lhe dá direito a outro celular…”

“Como é que é, querida? Claro controle?” Bom, para resumir: além do meu número antigo, com 20 anos de uso, e do número do chip ganho na promoção, o meu CPF era possuidor de um terceiro número, chamado controle, de cuja existência eu nunca fora informado, número este, aliás, que estava bloqueado por falta de pagamento. Como ela me disse, quase choramingando: “Oh! não!!! o senhor não pode utilizar este número para comprar outro celular porque ele já está no setor de cobrança por causa de um débito de R$51,99…”

Olhei firme para a jovem com seus olhos imensamente tristes por não poder me ajudar (e, claro, por perder uma boa venda), firmei a bunda na cadeira, segurei a mão fechada sobre a perna e falei, com a voz mais suave possível: “Minha filha… eu nem sabia que tinha um terceiro número de celular… Como é que eu tenho uma conta dele e já devendo esta porcaria aí?” “Mas, está aqui, sêo Leonardo, seu CPF não é este? Opa! O nome aqui é outro…!

Resumindo de novo, pelo que entendi das explicações do gerente de outra loja da Claro, desta vez não franqueada, para onde fui encaminhado pela simpática, sorridente, convincente, solícita e assertiva jovem atendente da loja: ao me presentearem com um celular novo e outro chip, a outra loja, também franqueada, da Claro, entregou outro chip em nome do meu CPF, mas para um tal de Jurandir, que usou-o imaginando que a conta seria paga por mim. Como resolver? Fazer um BO na Delegacia, preencher um formulário na loja, legítima, da Claro e aguardar a análise e decisão dos setores competentes da empresa, salvo engano em São Paulo.

Em abril, no vigésimo telefonema que dei para a Claro para saber do meu processo, fui informado que o assunto tinha sido resolvido, o débito não existia mais e o número controle tinha sido anulado. Infelizmente, eu continuaria preso à fidelidade anual e, por isso, só poderia comprar novo celular com descontos e facilidades em outubro próximo. Ah! Pela graça de Deus, também não mandaram meu nome para o Serasa…! Fiquei imensamente grato…! (continua)

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