Profissionais

O jogo político é pesado. Amadores são descartados com uma pequena notinha de rodapé num jornal da grande imprensa, que joga tão sujo quanto. Um exemplo recente, na área da imprensa: antes da presidenta Dilma viajar para seu discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York, manchetes gritavam: “Dilma deve dizer na ONU que é vítima de golpe – Oposição e ministros do Supremo condenam iniciativa…” (Jornal Nacional, TVGlobo, em 20/04/2016); “Ministros do STF: Dilma ofende instituições ao falar em golpe – Toffoli, Gilmar e Celso de Mello criticam acusação e dizem que processo segue regras” (O Globo, em 20/04/2018); “Golpe na ONU – Se não voltar atrás em mais uma atitude mal concebida na solidão do Planalto, a presidente Dilma Rousseff (PT) embarcará para Nova York com uma péssima idéia na bagagem: denunciar na ONU o suposto golpe de Estado representado pelo processo de impeachment” (Folha de São Paulo, em 20/04/2018).
 Uma vez...

Uma vez golpistas…

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o globo 1

 

 ... sempre golpistas!

… sempre golpistas!

Antes de viajar, em nenhum momento, Dilma disse que iria denunciar o golpe durante seu pronunciamento na ONU… as tradicionais “fontes fidedignas” de jornalistas, credenciados ou não junto ao Palácio do Planalto, é que declararam que seria esta sua intenção, mas nenhum deles, por mais próximo que fosse dos mais próximos da presidenta, tiveram acesso ao seu pronunciamento antes dele ser lido na ONU.
No pronunciamento, a presidenta não falou em golpe, mas disse, ao final, que não podia terminar suas palavras “sem mencionar o grave momento que vive o Brasil:  “A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade qdilma na ONU 2ue soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocessos. Sou grata a todos os líderes que expressaram a mim sua solidariedade.”  
Na área política, o jogo é tão profissional quanto. Tão logo foram escolhidos os 21 senadores que iriam compor a Comissão do Impeachment no Senado, antes mesmo de serem apresentadas acusação e defesa, dois deles se declararam favoráveis ao dito cujo. E, por serem vice-líderes do governo no Senado, suas declarações de voto repercutiram de imediato na grande imprensa.
Daí, você vai pesquisar e descobre quem são os dois apressados “pais da pátria:
– Wellington Fagundes (PR-MT):  Em maio de 2006, a Polícia Federal desmontou um esquema de corrupção que funcionava assim: os parlamentares apresentavam emendas ao Orçamento da União solicitando a compra de ambulâncias para as suas regiões, em troca de propina paga pela empresa Planam, de Darci e Luiz Antonio Vedoin, que vendia os carros a preços superfaturados. A fraude ocorreu na compra de mais de 1.000 ambulâncias para prefeituras de seis estados, causando prejuízos de 110 milhões de reais. No Congresso, a CPI dos Sanguessugas pediu a abertura de processo contra 69 deputados e 3 senadores, mas ninguém foi punido (que novidade!). Na Justiça, o caso tem mais de 500 réus, incluindo parlamentares, prefeitos, servidores e empresários. A grande maioria dos processos tramita no Mato Grosso, sede dos Vedoin, que acusaram Wellington Fagundes de receber propina de 100 mil reais em espécie, parte paga pessoalmente e parte entregue
... de acordo com os ventos!

Profissionais fazem isto: mudam de opinião

a um de seus assessores. Acho que todos ainda se lembram que o caso das ambulâncias, um processo de corrupção totalmente peessedebista, gerou o famoso escândalo dos aloprados que, por artes e graças da grande imprensa, se transformou num escândalo petista.
Profissionais fazem isto: mudam de...

… de acordo com os ventos!

– Hélio José (PMDB-DF): figurava na coligação PSB/PT, como 1°suplente de Rodrigo Rollemberg, eleito senador em 2010, assumindo a senatoria quando este foi eleito governador do DF e ele já estava no PSD, mas antes, ainda pertencendo ao PT, fora candidato a deputado distrital, obtendo 06 votos. Na última janela de transferência de legenda, filiou-se ao PMDB, brigado com o governador, que o acusara, durante as eleições de 2014, de ser pedófilo, processo que foi arquivado na Justiça quando ele se tornou senador.  Segundo ele, que diz ter ficado no PT durante 32 anos, tendo sido um dos seus fundadores no Distrito Federal, a acusação de pedofilia foi feita pelo PT, “que quis me corromper e me tirar da suplência de Rollemberg e por isso essa mentira toda surgiu”.
Aí, na cabeça da gente, que não age com este profissionalismo, surgem duas perguntas:
  1. como o governo do PT escolhe para vice-líderes de seu governo dois senadores que têm motivos pessoais de sobra para agirem contra o governo petista?; e
  2. como o Senado admite, sem qualquer manifestação em contrário, que senadores escolhidos para compor uma Comissão que irá analisar a admissibilidade do impeachment da presidenta, com base nas acusações formuladas pela Câmara, manifestem seu voto antecipadamente, sem qualquer análise do parecer aprovado pelos deputados?
A resposta para ambas as perguntas é simples: nós, o povo que batalha dia e noite para viver digna e honestamente, somos amadores. VotamOs Profissionaisos em Suas Excelências porque achamos que eles vão para o Congresso para propor e votar leis que desenvolvam o país e, em conseqüência, beneficiem o povo, votamos neles porque acreditamos que a democracia é uma conquista do povo, sendo obrigação de seus representantes defendê-la dos oportunistas, dos vendilhões da pátria, dos profissionais da política.
Mas Suas Excelências, quando chegam lá, viram profissionais.

 

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