Pelo sangue se conhece o fascista? Ou pela cara? (I)

Cèsare Lombroso foi um médico italiano que viveu há uns 150 anos atrás e que desenvolveu uma teoria, aceita por muita gente até hoje, de que um criminoso é vítima de influências atávicas, isto é, ele comete um crime porque regride hereditariamente a estágios mais primitivos da evolução. Ou seja, assim como Darwin criou uma Teoria da Evolução das Espécies, Lombroso ‘justificou’ o crime como uma consequência da herança genética, o que o levou a defender, em termos simples, que um criminoso não era regenerável ou, em última análise: quem cometesse um assassinato tinha que ser morto pelo Estado, porque nunca poderia ser recuperado socialmente.

TEORIA DO DELINQUENTE NATO

Mais do que isto, ele traçou uma espécie de tipo físico para os criminosos, estabelecendo com isto, que a prática de delitos tinha a ver com certos aspectos físicos, o que acabou sendo considerado como uma tese racista, já que Lombroso  indicou como ‘face criminosa’ , características físicas como o formato do crâneo e da mandíbula, típicas dos africanos que migravam para a Itália e que, como milhares de migrantes daquele continente para tantos outros países do mundo até hoje, mantinham condições de vida sub humana no novo país, tornando-se presa fácil e mão de obra barata para o crime organizado (ou seja: a imensa maioria dos cadáveres de criminosos pesquisados por Lombroso, eram migrantes africanos, a ralé do crime na Itália daquela época).

Lombroso foi muito cultuado na época dele, final do século XIX, e, independentemente deste aparente racismo, deu grandes contribuições à antropologia criminal. Há muitos estudos posteriores, principalmente depois de Freud, que indicam que certos aspectos da postura de um indivíduo, sua maneira de olhar, seu modo de andar, seu jeito de falar, aliados ao ambiente externo de sua vida –  o local de sua moradia, suas vestimentas, sua forma de “vencer” na vida dentro de um tipo de sociedade (religiosa, capitalista, individualista, socialista, comunista e tantos outros tipos), influenciam seu modo de viver e pensar e se relacionar com o resto da sociedade.

Permitam-me, pois, tomar, como exemplo, uma personalidade que, segundo a grande imprensa nacional, representa um gol de placa do presidente eleito, que o indicou para seu Ministério: Sérgio Fernando Moro, o símbolo da Lava Jato! Em 04 anos de atuação, sob os holofotes interesseiros da mídia familiar, ele mandou no pedaço! Tinha uma missão divina: acabar com a corrupção no Brasil! Como quem governara o Brasil nos últimos 12 anos tinha sido um determinado partido, o corrupto era este partido… Os outros? Não vinham ao caso!

Surfando nesta onda, devidamente espetacularizada pela mídia, Globo à frente, Moro virou herói nacional… Honestamente, me impressiona a desfaçatez com que uma jornalista de renome, como Cris Lobo, comentarista política da GloboNews, diz que Moro merece respeito e aplausos porque ‘se sujeitou’ a uma entrevista de hora e meia aos jornalistas… Pô..a! Alguém fez alguma pergunta digna do jornalismo a ele? Uma pergunta simples, tipo: “Como Ministro da Justiça, o senhor tomaria alguma atitude se um juiz de 1ª Instância entregasse a uma rede de tevê poderosa o áudio de uma ligação da presidenta da República, o que é proibido pela Constituição? Alguém fez uma pergunta sobre a postura política de um juiz que libera  “parte” da delação premiada de ex-ministro nas vésperas do 2º turno das eleições?

As Organizações Globo passaram os últimos 04 anos tecendo loas a um juiz de chão, que nesses mesmos 04 anos cometeu impropriedades judiciais, com o beneplácito ou a omissão dos órgãos superiores e de controle do Judiciário, justificando-as como necessárias para cumprir uma missão maior, o combate à corrupção… que tinha como alvo apenas  um dos lados do espectro político, coincidentemente o lado que as Organizações Globo transformaram num inimigo a ser combatido de todas as formas.

O grande líder deste partido, o maior líder popular ainda atuante no Brasil, foi preso graças às interpretações próprias da lei exaradas por Sua Excelência, apoiadas, sem qualquer contestação, pelas instâncias superiores. E o resultado desejado foi atingido: impedida a principal candidatura de esquerda, praticamente invencível segundo as pesquisas eleitorais, venceu o candidato da direita que, imediatamente, convidou o egrégio juiz da Lava Jato (que aceitou sem constrangimentos) para compor seu Ministério. E ele insiste em dizer que não é político, não perseguiu ninguém e nem ajudou ninguém com suas ações , todas fundamentadas na “lei e na Constituição…!” (continua)

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