Fantástico Brasil

Tem razão de chamar Fantástico, o show da vida apresentado todo domingo pela TV Globo. Não tem algo mais fantástico que o Brasil, começando pela emissora que apresenta o programa há mais de 40 anos. Agora mesmo, está acontecendo algo fantástico:  a Operação Lava Jato, assim chamada porque foi iniciada com a prisão um doleiro (Youssef) que fazia seus negócios através de um posto de gasolina no Setor de Hotéis Sul de Brasília, já está em atividade há mais de dois anos, tendo deflagrado quase trinta outras operações a partir da inicial, sempre com o intuito fundamental de combater a corrupção na Petrobras.
Em todas, sob clara inspiração na Operação Mani Puliti da Itália, conforme declaração pública do juiz Sérgio Moro, foram e ainda estão sendo usados vários procedimentos pouco ortodoxos da Justiça, como a prisão provisória a perder de vista, até se conseguir a delação premiada do prisioneiro, ou o vazamento seletivo de processos ou, ainda, o uso desenfreado da mídia para influenciar a população e conseguir crucificar um lado do quadro político brasileiro, exatamente aquele  que conduziu o país nos últimos  anos favorecendo a população mais carente e protegendo as riquezas nacionais.
 Com esta sistemática, alcançou-se, hoje, algo fantástico: o país dos homens cordiais está se engalfinhando em disputas ridículas, em que até carros vermelhos, cor que representa um partido, são riscados em estacionamentos de faculdades, como se o dono fosse partidário daquele partido.
Um dos procuradores midiáticos da Lava Jato, o evangélico Deltan Dalagnol, em uma das suas aparições televisivas, recitou: “A Lava Jato revela um governo para fins particulares, com um capitalismo de compadrio, em que o empresário e o agente público buscam benefícios para o próprio bolso”.  De que planeta veio o insigne procurador Dalagnol?
Qualquer brasileiro com um leve conhecimento de política sabe, perfeitamente, que a existência de financiamento de campanhas políticas por empresas, uma prática do sistema eleitoral brasileiro desde que ele foi instituído, tem exatamente este objetivo: vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidentes são financiados para propor leis e executar ações que atendam os interesses dos grupos empresariais que os financiaram. Segundo as últimas informações (não sei se vazadas ou oficiais), por exemplo, dizem que a Odebrecht distribui propinas a deuses e diabos desde o governo Sarney!
O mais fantástico: depois de muitos anos de muita luta, chegou ao Superior Tribunal de Justiça uma ação para proibição de financiamento eleitoral por parte de empresas. A questão já estava decidida pela proibição, quando um dos eminentes juízes pediu vistas do processo, o que barrou sua aplicação até a manifestação do mesmo, que não afetaria a proibição, aliás, fosse ela qual fosse.
Adivinhem quem foi o juiz que ficou sentado sobre esta proibição durante mais de um ano? Ele mesmo, o probo Gilmar Mendes. É fan-tás-ti-co!
fantástico

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